*Por Luiz Mauricio Garcia
Com a recente alta do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o mercado da construção civil enfrenta novos desafios. Esse cenário impacta fortemente empresas que atuam em habitação de interesse social, onde há menos margem para repassar custos. Diante disso, é crucial entender os fatores que pressionam a inflação e quais ações podem ser adotadas para enfrentá-los.
Desde a pandemia, o setor de construção sofreu com uma inflação inédita, causada pela escassez de insumos e desorganização das cadeias de suprimentos globais. O INCC acumulou mais de 40% até 2023, afetando fortemente a construção de habitação social. Embora 2024 tenha iniciado com uma estabilização, os custos voltaram a pressionar, e setembro já registrou um índice de 5,58% no acumulado de 12 meses, apontando para uma persistente alta inflacionária no setor.
Os principais responsáveis pela alta recente do INCC são os salários da mão de obra e materiais essenciais, como vergalhões e concreto. Esses aumentos refletem a força da construção civil como empregadora e o impacto dos insumos nas operações. Empresas que atuam em segmentos de habitação social, por exemplo, sentem diretamente o peso dos reajustes.
A importância da eficiência
A alta do INCC exige das empresas uma gestão rigorosa de custos e a busca por tecnologias que melhorem a produtividade. Construtoras voltadas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), lidam com a necessidade constante de encontrar eficiência sem comprometer o orçamento. Processos eficientes e parcerias estratégicas com fornecedores são essenciais para enfrentar a volatilidade.
Adaptações necessárias para mitigar o INCC
Para mitigar o impacto dessa inflação crescente, algumas práticas podem ser eficazes. A primeira é a revisão frequente do planejamento financeiro, ajustando preços e mantendo uma margem para absorver oscilações. Com isso, as empresas podem se preparar melhor para reajustes inesperados de custo. Manter parcerias com fornecedores também é fundamental, ajudando a garantir estabilidade nos preços de insumos.
Estratégias de longo prazo
Outra estratégia importante é investir em novos materiais e processos construtivos. O uso de tecnologias que permitam reduzir o consumo de materiais onerosos pode ser uma saída viável. A construção modular, por exemplo, tem se mostrado uma aliada em diversos projetos. Ao mesmo tempo, buscar alternativas no mercado, como produtos com menor variação de preço, pode ajudar a evitar os impactos de altas constantes.
Oportunidades e desafios
Mesmo com a alta do INCC, analistas ainda identificam potencial no setor de habitação social. Segundo o Itaú BBA, empresas com taxas internas de retorno (TIR) atraentes e previsões de dividendos continuam sendo vistas com otimismo. No entanto, o setor deve se preparar para o aumento dos custos que podem afetar as margens de lucro.
Perspectivas para o setor
O setor da construção civil passa por um momento desafiador, onde a capacidade de se adaptar e ser eficiente faz toda a diferença. Construtoras que atuam com foco na habitação social precisam estar prontas para responder rapidamente a mudanças, o que exige flexibilidade nas operações, por isso é essencial adotar uma visão de longo prazo, com soluções que ajudem a manter a estabilidade financeira e operacional.
O setor precisa se preparar para um cenário em que a inflação de custos permaneça elevada. A busca por inovação, eficiência, gestão financeira rigorosa e controles eficazes serão diferenciais fundamentais. Empresas que conseguem manter essas práticas estarão mais bem preparadas para enfrentar o impacto do INCC e garantir a competitividade, mesmo em períodos de alta inflação.
*Luiz Maurício Garcia é Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Construtora Tenda e membro dos comitês de Investimentos e Ética.
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