Com “hexa” garantido na Libertadores, Brasil tem oito dos 10 elencos mais valiosos da América do Sul

No último sábado, 30, a Copa Libertadores conheceu seu novo dono: o Botafogo. Com ele, veio também uma certeza: o Brasil é “hexacampeão” do torneio, já que nenhum outro país vence a competição desde 2019. E isso pode ser explicado pelo viés financeiro, visto que o futebol brasileiro possui oito dos 10 elencos mais caros da América do Sul.

Segundo dados do Transfermarkt, plataforma de cobertura do futebol mundial, o Flamengo tem o elenco mais caro do continente, com valor de mercado estimado em € 212 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão). Os cariocas são seguidos por Palmeiras (€ 209 milhões) e Botafogo (€136 milhões), que completam o top 3.

Uma das grandes responsáveis pelas fortunas e grandes elencos exibidos pelos brasileiros são as casas de apostas. Cada vez mais fortes no futebol nacional, as empresas de betting possuem algum tipo de acordo milionário com todos os times da lista e só não estampam a parte principal da camisa de dois clubes, Palmeiras (Crefisa) e Grêmio (Banrisul). Os altos valores em patrocínio tem permitido que as agremiações façam investimentos grandiosos em jogadores, o que ajuda a valorizar o elenco.

“Os patrocínios das bets têm se mostrado fundamentais para o fortalecimento financeiro dos clubes brasileiros. Esses grandes recursos ajudam a valorizar as equipes, permitindo que as equipes invistam em infraestrutura e, principalmente, na contratação de jogadores de alto nível. É uma parceria estratégica que beneficia tanto as casas de apostas, com a visibilidade das marcas, quanto os clubes, com a possibilidade de montar elencos mais fortes e competitivos”, analisa Ricardo Bianco Rosada, fundador da consultoria brmkt.co que atua nas áreas de gambling, branding, marketing e desenvolvimento de negócios.

Hermanos ‘intrusos’

River Plate e Boca Juniors, justamente os únicos clubes que conseguiram participar das finais dos últimos seis anos, são os “intrusos” do ranking dominado pelos brasileiros. Os Millonarios ocupam a 4ª posição da lista, sendo avaliados em € 119 milhões. Já os Xeneize tem valor estimado em € 92 milhões, permanecendo no 9º lugar da classificação.

Além de serem os únicos capazes de fazer frente aos brasileiros em campo nos últimos anos, os clubes argentinos ainda se destacam fora dos gramados. O River Plate possui o segundo maior programa de sócios-torcedor do mundo, atrás somente do Real Madrid, com cerca de 350 mil associados. O Boca Juniors, por sua vez, acumula 327 mil sócios, se colocando também entre os principais do planeta.

“Na Argentina, o vínculo dos sócios-torcedores com os clubes é mais emocional e comunitário, sendo a associação uma parte importante da identidade social da torcida. Já no Brasil, o modelo de sócio-torcedor tem um caráter mais amplo, com foco nas vantagens econômicas e no relacionamento com o torcedor”, aponta Sara Carsalade, co-founder e responsável pela vertical de esportes da Somos Young, empresa que realiza o atendimento a sócios-torcedores de clubes de futebol.

“Enquanto os clubes brasileiros avançam na profissionalização e comercialização de seus programas de sócios, os argentinos ainda preservam uma abordagem mais tradicional, voltada para o engajamento local”, completa ela.

‘Bala na agulha’

Como visto na hegemonia dos últimos anos, o poderio financeiro tem feito a diferença. Na Libertadores, são quatro finais 100% brasileiras e outras duas com pelo menos uma presença e o título em ambas. Já pela Copa Sul-Americana, são quatro decisões seguidas com a participação de times do Brasil e um troféu conquistado [- sem contar a edição 2024.]

Nesta temporada, inclusive, as equipes brasileiras igualaram o recorde de representantes nas quartas de final dos torneios. O país teve nove times em disputa, sendo cinco na Libertadores e quatro na Sul-Americana. A quantia – a mesma de 2022 – representa o maior número de participantes da história do Brasil nas quartas de final dos torneios continentais.

A hegemonia ainda proporcionou outro feito: o país terá o maior número de membros no Mundial de Clubes de 2025. Das 32 vagas disponíveis, quatro pertencem às equipes do Brasil (Palmeiras, Flamengo, Fluminense e o vencedor do confronto entre Atlético-MG e Botafogo).

“O sucesso dos clubes brasileiros em competições como a Conmebol Libertadores e a Conmebol Sul-Americana é fundamental para manter o futebol nacional em evidência, além de manter a paixão dos torcedores em alta. Isso gera um aumento na audiência, o que, por sua vez, atrai mais oportunidades para as marcas e para os clubes. ”, explica Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport, agência de experiências esportivas que é parceira oficial da Conmebol para os jogos da Libertadores e da Sul-Americana.

Graças ao domínio das últimas temporadas, o Brasil está próximo de empatar com a Argentina no número de troféus da Libertadores na história. No total, os “hermanos” possuem 25 títulos, enquanto os brasileiros acumulam 23 – prestes a ser 24 independente do vencedor da grande final.

Confira o top 10:

  1. Flamengo (BRA): € 212 milhões / R$ 1,3 bilhão
  2. Palmeiras (BRA): € 209 milhões/ R$ 1,3 bilhão
  3. Botafogo (BRA): € 136 milhões / R$ 856,8 milhões
  4. River Plate (ARG): € 119,6 milhões / R$ 749,7 milhões
  5. São Paulo (BRA): € 105,5 milhões / R$ 664,65 milhões
  6. Corinthians (BRA): € 105,2 milhões / R$ 662,76 milhões
  7. Atlético-MG (BRA): € 105,1 milhões / R$ 662,13 milhões
  8. Grêmio (BRA): € 95,3 milhões / R$ 600,39 milhões
  9. Boca Juniors (ARG): € 92,13 milhões / R$ 580,4 milhões
  10. Cruzeiro (BRA): € 80,85 milhões / R$ 509,35 milhões
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