No BNDES, mais captação de recursos de China e Europa — e menos insegurança quanto à volta de Trump

O BNDES capta recursos de vários países do mundo, o que reduz possíveis impactos de mudanças no governo americano para o banco, disseram diretores do banco em entrevista coletiva nesta segunda-feira. China e Europa ganharam espaço como fontes de recursos nos últimos anos.

“O BNDES tem uma política bem diversificada de captação. A gente capta recursos na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Recentemente, a gente tem captado mais nas instituições da China e em instituições europeias”, disse Nelson Barbosa, diretor de Planejamento do banco, em entrevista coletiva na segunda, 11.

“A gente tem acordo de colaboração com instituições norte-americanas. Há duas semanas assinei um termo de cooperação com o DFC, uma instituição americana de investimentos, e principalmente com instituições multilaterais, com o Banco Mundial e o Banco Interamericano [de Desenvolvimento], que seguem políticas mais diversificadas, não necessariamente alinhadas com orientação de um ou outro país”, afirmou Barbosa, ao ser questionado sobre os efeitos da vitória de Trump para a captação do banco no exterior.

“Acredito que estas captações tendem a continuar crescendo, pelo aumento da demanda por recursos aqui no Brasil”, disse o diretor.

Ele afirmou ainda que o BNDES tem investido muito em transição energética, energia limpa e investe agora em preservação de florestas e infraestrutura social, que são alvos dos potenciais financiadores. “Eles [financiadores externos] se preocupam com cláusulas ESG e têm atribuído uma grande importância à questão do clima e à questão social”, disse.

As captações externas somaram R$ 26 bilhões nos nove primeiros meses do ano. Mas a maior fonte de recursos do banco são os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que somaram R$ 428 bilhões no período.

O BNDES tem ainda captado mais recursos no mercado de capitais, por meio da criação de fundos: o banco geralmente entra com 25% do valor, traz um investidor âncora, que coloca mais 25%, geridos por instituições de mercado e atrai recursos privados. Cada real investido tem atraído, em média 3,47 reais de investimento privado, em média, segundo o banco.

Próprios interesses

“O Brasil tem que pensar nos próprios interesses, não tem de se alinhar por razões ideológicas. Tem que pensar o que vai gerar emprego, desenvolvimento, combate à pobreza, agenda verde, sustentabilidade e construir pontes e parcerias, disse Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.

“O maior parceiro do BNDES em termos de funding é o BID. Segundo, é o NDB, o banco dos Brics. A presidente Dilma deu muito impulso para esta parceria. Terceiro é o banco chinês CDB. No Fundo do Clima, captamos 2 bilhões de dólares em Nova York, com bônus sustentáveis. Em relação à economia americana, temos parceria com alguns bancos, mas é muito o mercado de capitais, que é muito forte, onde a gente pode captar muito mais”, disse Mercadante.

O BNDES anunciou seu resultado dos nove primeiros meses do ano nesta terça-feira, 11. A entidade registrou um lucro total de R$ 19,4 bilhões no período. O valor representa uma alta de 31,4% em relação a 2023.

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