A Guarda Costeira dos Estados Unidos divulgou nesta quarta-feira, 12, um áudio do submarino Titan, que implodiu em 18 de junho de 2023, quando estava próximo aos destroços do Titanic.
Na gravação, obtida com um dispositivo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, é possível ouvir um rugido estrondoso durante o acidente.
Relembre o caso
Em junho de 2023, uma expedição, da empresa OceanGate iria visitar os destroços do navio Titanic. A implosão causou a morte de todos os cinco tripulantes: o fundador Stockton Rush, 61, o explorador francês Paul Henri Nargeolet, 77, o explorador britânico Hamish Harding, 58, o empresário paquistanês baseado no Reino Unido Shahzada Dawood, 48 e seu filho de 19 anos Suleman.
Durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira da época, Paul Hankins, especialista em salvamento da Marinha dos EUA, disse que os destroços encontrados “eram consistentes com a perda catastrófica da câmara de pressão no submersível”. Os detritos estavam a 1.600 pés da proa do Titanic e não há indicativos que o veículo tenha colidido com o naufrágio centenário.
As autoridades encontraram “cinco pedaços principais de detritos” do Titan, incluindo uma calota de vonte, a extremidade frontal do casco resistente e a extremidade traseira do casco resistente, confirmou Hankins. Ele, no entanto, acrescentou que ainda não é possível precisar o que causou a implosão.
Quem irá investigar?
A Guarda Costeira americana disse durante aquela coletiva de imprensa que iria desmobilizar os nove navios que se encontram na área de buscas. O órgão, no entanto, seguiria investigando a zona do desastre.
“Começaremos a desmobilizar pessoal e embarcações do local nas próximas 24 horas. Mas vamos continuar as operações remotas no fundo do mar”, disse o contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira na época.
Quais as consequências para futuras viagens submarinas?
Antes da tragédia, a OceanGate já havia sido criticada por profissionais do setor de tecnologia marinha. Em 2018, 38 especialistas assinaram uma carta enviada a Stockton Rush no qual chamavam a atenção para o uso de “tecnologia experimental” na fabricação de seus submersíveis. O documento, revelado pelo The New York Times, afirmava que as consequências podiam ser catastróficas para todos — inclusive, a indústria de veículos submarinos tripulados.
O cineasta James Cameron, diretor do filme Titanic e um experiente mergulhador, comparou a conduta do CEO da empresa Stockton Rush a do capitão do navio de sua principal obra:
“Muitas pessoas na comunidade estavam preocupadas com esse submarino. E os top players da comunidade de engenharia submarina escreveram uma carta para a companhia falando que o que eles estavam fazendo era muito experimental”, ressalta Cameron.
“Estou impressionado com a semelhança do próprio desastre do Titanic, onde o capitão foi repetidamente avisado sobre o gelo à frente de seu navio e ainda assim ele navegou a toda velocidade”— continua o cineasta.
Não se sabe ainda se o caso irá levar a criação de novos protocolos de segurança ou obrigar autoridades a reforçarem a fiscalização desse tipo de atividade. Veterano da Guarda Costeira americana, Aaron Davenport disse em entrevista a agência AP que a OceanGate falhou diversas vezes antes mesmo da tragédia ocorrer — por exemplo, ao não ter um navio capaz de resgatar o submarino em caso de emergência.
“O que é confuso é que eles perderam as comunicações com o submarino no início da missão e não parece que eles tinham um bom plano para restaurar as comunicações e/ou abortar a missão.”
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